Oração de Santa Gertrudes

Nosso Senhor disse a Santa Gertrudes, a Grande, que a seguinte oração libertaria 1000 almas do purgatório cada vez que a mesma fosse rezada. Esta oração foi extensiva também a pecadores ainda em vida.
aa
Eterno Pai, Ofereço-Vos o Preciosíssimo Sangue de Vosso Divino Filho Jesus, em união com todas as Missas que hoje são celebradas em todo o mundo; por todas as Santas almas do purgatório, pelos pecadores de todos os lugares, pelos pecadores de toda a Igreja, pelos de minha casa e de meus vizinhos. Amém.

terça-feira, 12 de março de 2013

Novíssimos do Homem

Novíssimos do Homem


Morte do Justo







Morte do Pecador






Ó Cristão que isto lês, olha que existe um Deus!
... uma alma! ... uma eternidade! ...

LEMBRA-TE
de teus novíssimos:
MORTE... JUÍZO... INFERNO... PARAÍSO...
e nunca pecarás.

1. — Lembra-te ... que foste criado somente para amares e servires o teu Deus nesta vida e o possuíres depois eternamente na outra . . .

2. — Lembra-te ... que a morte vem chegando a largos passos e, talvez, já está mais próxima do que pensas...

3. — Lembra-te ... que brevemente deves prestar conta a Deus de todo o bem que podias fazer e não fizeste, como de todo o mal que devias deixar e
não deixaste .. .

4. — Lembra-te ... que todo aquele que morrer em pecado mortal vai logo com a alma para o fogo do Inferno, e depois, no fim do mundo, para lá deverá ir também com o corpo ...

5. — Lembra-te ... que tens só uma alma: salva esta, tudo estará salvo eternamente; perdida esta, tudo estará eternamente perdido ...

6. — Lembra-te... que o caminho mais largo é o que leva a perdição, quem quer salvar-se, deve fazer violência a si mesmo e carregar a sua cruz...

7. — Lembra-te ... que Deus merece sumo respeito em qualquer tempo e em qualquer lugar; em toda a parte está ele presente e somente dele é que depende todo o teu bem temporal e espiritual...

8. — Lembra-te ... que o tempo passa e não volta mais; quanto mais vives tanto  menos para viver te resta: quem vive mal, morre mal .. .

9. — Lembra-te ... que deves amar a teu próximo como a ti mesmo. Ai de ti se estiver excitando rixas e desavenças...

10. — Lembra-te ... que o Inferno está cheio de pecadores que queriam converter-se, mas que nunca se converteram devéras...

11. — Lembra-te ... que quem quer evitar o pecado, deve fugir da ocasião; — as conversações perigosas são redes do demônio...

12. — Lembra-te ... finalmente que Jesus te está esperando para dar-te o perdão de tuas culpas. — Quem sabe não sejas este o último aviso? ...

REFLITA E PENSA A MIÚDO QUE:

1. — As três portas maiores do Inferno são: a desonestidade, o escândalo, o furto.

2. — As três portas principais do Paraíso são: a oração, a sinceridade na Confissão, a frequência dos Sacramentos e da palavra de Deus.

3. — As três coisas principais de que devemos fugir são: as ocasiões perigosas, as más companhias, os olhares e as palavras indecentes.

4. — Os três pensamentos mais salutares são: Deus me vê... Devo morrer!... O prêmio do Paraíso e o castigo do Inferno... são eternos.

5. — Os três nomes que se devem invocar com frequência são: Jesus, Maria, José.

Estou certo que hei de morrer... mas quando?... não sei... Logo devo estar preparado... Apenas houver acabado de expirar, Deus me julgará acerca de toda a minha vida, e a sentença será: ou feliz para sempre no Paraíso, ou infeliz para sempre no Inferno ...
De que serve ganhar, ainda que seja todo o mundo, si depois vier a perder-me ?... O pecado é o único e verdadeiro mal que pode haver no mundo!... portanto devo fugir dele.

Fonte:

quinta-feira, 7 de março de 2013

Sabemos o que defendemos e a quem defendemos




A Igreja — provada por 2 mil anos — sustenta uma verdade de amor que supera todos os equívocos da História e os enganos ideológicos que são como o “psiu” da serpente, que prometem a panacéia utópica de realidades temporais, a qual se transforma em pesadelos totalitários e inumanos. Daí a “pérola da verdade” que a Igreja mantém como sã doutrina que permanece rocha inconcussa, a confirmar o que Jesus assegurou a Pedro: “As portas do inferno não prevalecerão”. Mas esta convicção requer de nós pôr a mão no arado, carregar a cruz e seguir Nosso Senhor Jesus Cristo. Daí o sentido da missão evangelizadora ser cada vez mais exigente, em meio a tantos desafios.

Gostaria de dizer como Chesterton: “Sou o homem que — com grande ousadia — descobriu apenas o que havia sido descoberto antes: a Igreja é o caminho seguro da salvação”. É o que a experiência mostra com fartos exemplos do cotidiano. “Fora da Igreja não há salvação!” Isso é de uma tão grande atualidade, que nos fortalece quando nos vemos na tempestade da pós-modernidade. E quando o barco em que estamos parece não dar conta de tão grandes ondas adversas, ouvimos a voz de Jesus — que anda sobre as águas e acalma o mar — a nos dizer repetidas vezes: “Não tenham medo!”.

O maior desafio é não se deixar levar pela correnteza daqueles que querem banir Deus do horizonte da História. E agora — mais do que nunca — é hora de reconhecermos que precisamos de Deus. Por isso rezamos e trabalhamos, para nos mantermos vinculados a Ele (daí o sentido da religião – re ligare), pois é este vínculo com o Altíssimo que irá garantir a vida eterna. Esta é a vida que nos interessa: a vida verdadeira.

O apelo pela defesa da vida foi feito pelo papa João Paulo II, em sua memorável encíclica Evangelium Vitae. A defesa da vida, portanto, é hoje prioridade na missão evangelizadora, para que a vida digna seja condição para a vida plena na eternidade. É nesse campo que sopra mais forte o Espírito Santo, a exigir de nós uma atuação coerente com o Evangelho. A Evangelium Vitae é profética porque denunciou as novas ameaças à vida humana e as hostilidades contra a instituição familiar (e também contra a Igreja), demonstrando que tais ataques – cada vez mais intensos – não são espontâneos, mas planejados e sistematizados por poderosas forças culturais, políticas e econômicas, que têm como objetivo minar a sã doutrina católica, para relativizar e banalizar cada vez mais o sentido e o valor da vida, vulnerabilizando a pessoa humana a condições indignas de existência. Tais ataques fragilizaram a vida humana de modo especial na fase nascente (com a tragédia do aborto) e no seu ocaso (com a eutanásia), dentro de um contexto político que o próprio papa chamou de “conjura contra a vida”, em que forças ideológicas vão impondo estilos suicidas que se voltam contra o ser humano, agrilhoando-o a falsas necessidades e perversas ilusões.

A Igreja quer vida para todos
Há um embate que o papa chamou de “cultura da morte x cultura da vida”, em uma “guerra dos poderosos contra os débeis”. Realidade esta tão bem documentada e elucidada, por exemplo, por Edwin Black, em seu livro “A Guerra contra os Fracos – A eugenia e a campanha norte-americana para criar uma raça superior”. Os mesmos institutos e fundações norte-americanos que naquela época investiram nas pesquisas nazistas por uma “higiene racial” da espécie humana, (recorrendo às esterilizações), são as que hoje promovem o aborto e a eutanásia, no Brasil e no mundo. Através da permissividade legislativa, os poderes constituídos vêm aprovando leis contra a vida: descriminalizando o aborto, autorizando a eutanásia, permitindo o uso de embriões humanos em pesquisas científicas, ferindo a dignidade sacramental do matrimônio ao legitimar uniões do mesmo sexo, com o direito de adoção de crianças, negando assim o direito à criança da insubstituível e imprescindível paternidade e maternidade, indispensável à formação integral da pessoa humana. Por isso a Evangelium Vitae buscou sensibilizar os governantes e legisladores não apenas a elaborar e aprovar leis em favor da vida, como a sociedade de um modo geral a colocar-se ao lado da vida, na defesa do nascituro, do portador de necessidade especial, dos idosos, enfim, dos mais fragilizados do mundo, pois o que a Igreja quer é a vida para todos.

A Igreja sofre com tudo isso, daí ser imprescindível a defesa da vida. Mas, afinal, que forças ideológicas são estas que formam o que a Evangelium Vitae chamou de “cultura da morte”? A Igreja não apenas sofre com tudo isso, mas é atingida por estas forças ideológicas, no que ela tem de mais sagrado. Há uma sutil estratégia, no intuito de tentar corroer inclusive por dentro da instituição, os seus princípios e valores, com uma metodologia muito sofisticada: descaracterizando conceitos, dando outro sentido e significado àquilo que a Igreja sempre anunciou como valor de vida, relativizando e debilitando a moral cristã, para viabilizar a aceitação de um ideário inteiramente anárquico. São forças antigas, antiqüíssimas, que já atuavam desde os primórdios da Igreja (a começar pela gnose), e que agora encontram na tecnologia e nos tantos meios de manipulação dos mass media, armas mais possantes visando atingir os alicerces da Igreja, numa somatória de esforços, com investidas luciferinas, com o propósito de destruir a fé cristã. De todas as religiões, é a doutrina católica apostólica romana a que se quer mais atingir. Estas forças ideológicas (o laicismo de raízes maçônicas e também anarquistas, o ateísmo agressivo, o fundamentalismo ambiental, o feminismo radical, o cientificismo huxleano, etc.) têm sido difundidas e sustentadas por instituições, organismos sociais e empresas, com vasta ramificação em todo o planeta, direcionando seus dardos principalmente contra a Igreja Católica.

Na história recente, depois da Segunda Guerra Mundial, estas forças se intensificaram e passaram a atuar de modo mais sistematizado. Desde 1952, em departamentos da ONU, com o apoio crescente de grandes fundações internacionais (Rockefeller, Ford, entre outras) foi se estruturando no interior de muitas instituições, principalmente no meio universitário e das comunicações, e governos, um anticatolicismo, que superou o anticlericalismo do passado, pois agora é a doutrina moral católica que está seriamente ameaçada. “A perspectiva católica é um bom lugar para começar, tanto em termos filosóficos, sociológicos como teológicos, porque a posição católica é a mais desenvolvida – afirmou Frances Kissling, a fundadora da OnG “Católicas pelo Direito de Decidir” – que é católica só no nome, para confundir – Assim, se você puder refutar a posição católica, você refutou todas as demais. Se você derrubar a posição católica, você ganha”, enfatizou a líder feminista. O próprio Rockefeller tentou persuadir o Papa Paulo VI a “flexibilizar” a moral católica na Humanae Vitae, especialmente na questão do aborto. Até então havia muito investimento em contraceptivos. Mas Paulo VI, a exemplo do que faz hoje Bento XVI, permaneceu fiel à sã doutrina, e foi odiado por tantos, inclusive por muitos até de dentro da Igreja, pelo Santo Padre ter se posicionado com coerência, e ter tomado a difícil, mas necessária decisão da fidelidade ao Magistério da Igreja.

Logo depois, Rockefeller, em meados de 1974, mudou de estratégia: aderiu ao feminismo radical para disseminar a ideologia de gênero para, aos poucos, ir minando na base, a doutrina católica, especialmente no campo da sexualidade. Todos os investimentos passaram a ser feitos em ONG’s, publicações, eventos, propaganda televisiva, flexibilização legislativa, e todo este rolo compressor midiático de apologia ao homossexualismo, à liberação do aborto, das drogas, da prostituição, etc. Sabiam que este seria mais um passo em uma profunda revolução, no âmbito da cultura e da moral, que poderia levar mais de 30 anos, mas houve planejamento, monitoramento, estratégia de manipulação e persistência, para moldar (através dos meios de comunicação), a nova geração a ser receptiva a uma nova mentalidade (contraceptiva, antinatalista, moralmente permissiva e anticristã). Esse é o pano de fundo histórico e cultural dos temas abordados corajosamente pela Evangelium Vitae. “Esta situação dramática do mundo – explica o Catecismo (409), – que ‘o mundo inteiro está sob o poder do Maligno ‘ (1Jo 5, 19), faz da vida do homem um combate: uma luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história universal da humanidade”. E ressalta que “inserido nesta batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem não consegue alcançar a unidade interior senão com grandes labutas e o auxílio da graça de Deus”.

O apelo lançado pela Evangelium Vitae pela defesa da vida deve mobilizar a sociedade nesta nova frente de batalha (e rogamos a intercessão de São Miguel Arcanjo!), pois vemos que os ataques contra a vida e a família, são também ataques contra a Igreja. Mas é promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo de que ela não será inteiramente combalida. O próprio Catecismo afirma que “a consumação da Igreja e, através dela, a do mundo, na glória, não acontecerá sem grandes provações” (CIC, 769). É promessa de Jesus: “quem perseverar até o fim, será salvo!” (Mt 10, 22)

O holocausto silencioso do aborto: ponta do iceberg
A questão do aborto é a ponta do iceberg. Há um holocausto silencioso, vitimando milhares de seres humanos, a cada dia, em todas as partes do planeta vidas ceifadas ainda no ventre materno, do modo mais cruento e doloroso, pois o inimigo de Deus tem sede do sangue inocente. “Estamos todos na realidade presos pelas potências que de um modo anônimo nos manipulam”, afirmou Joseph Ratzinger em seu livro “Jesus de Nazaré”. Essas potências que atuam “de modo anônimo” têm expressão nos centros privados do poder, nas grandes fundações (como as já citadas Rockefeller, Ford, mas também MacArthur, a Buffet, a Bill & Melinda Gates, a IPPF, a Bemfam, o IPAS), na vasta rede de ONG’s feministas que defendem os direitos sexuais e reprodutivos, em agências da ONU, etc., que querem “construir o mundo de um modo autônomo, sem Deus” daí a obsessão pela manipulação da vida, com as possibilidades inquietantes em decorrência dos avanços biotecnológicos.

Depois da obsessão por uma libertação que primeiramente se expressou por uma utopia social, agora quer se chegar a uma libertação mais profunda, contra até mesmo as condições biológicas do ser humano. “Aqui se ultrapassou, por assim dizer, a teologia da libertação política com uma antropológica”, explicou Ratzinger, em sua obra “O Sal da Terra”. Tais forças de poder atuam no esforço de um desmonte das estruturas civilizacionais do direito natural, e na arquitetura de uma engenharia social, tecnicamente planejada para um completo domínio da vida. O controle populacional faz parte desta estratégia. O aborto, portanto, é um aspecto sombrio desta terrível realidade que o papa chamou de “cultura da morte”.

No Brasil, todas estas ideologias são contempladas e inseridas no Plano Nacional de Direitos Humanos – PNDH3, que causou assombro e perplexidade entre vários setores da sociedade, quando foi lançado pelo governo federal, em dezembro de 2009. O fato é que com o PNDH3, direitos humanos se transformam em palavra-de-ordem para justificar uma nova mentalidade e ordem mundial inteiramente amoral, em que a pessoa deixa de ser sujeito para se tornar objeto, destituída de humanidade, sem proteção e promoção, anulada em sua identidade e vítima de reducionismos aviltantes, em graus diferenciados de manipulação, que é a pior de todas as violências. Por isso a Igreja se posiciona em favor da vida, como fez valentemente Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo de Guarulhos, durante a campanha presidencial de 2010, denunciando o governo federal de estar comprometido com estas ideologias do mal, tão evidentes no PNDH3. Desde a publicação da Evangelium Vitae, tem havido iniciativas nesse sentido, em muitas partes do mundo. No Brasil, após a aprovação da Lei de Biossegurança (em março de 2005) esta mobilização vem crescendo. Tem surgido em várias dioceses, comissões diocesanas em defesa da vida, grupos de estudos na área de bioética, movimentos de leigos comprometidos com o Evangelho da Vida.

Na Diocese de Taubaté, o nosso bispo Dom Carmo João Rhoden fundou, em 28 de outubro de 2005, o Movimento Legislação e Vida, que coordeno junto com o Pe. Ethewaldo Naufal L. Júnior, e também a comissão diocesana em defesa da vida. Realizamos vários seminários de bioética e um Congresso Internacional em Defesa da Vida, no Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (em fevereiro de 2008). Desde então, junto com outras comissões diocesanas e demais grupos (como o Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil Sem Aborto, que é suprapartidário e suprareligioso), estamos acompanhando em Brasília, os projetos de lei relacionados a vida e família que tramitam nas comissões do Congresso Nacional, bem como as deliberações no Supremo Tribunal Federal (como a ADIN 3510, a ADPF 54 e outras). Com um trabalho coordenado e integrado, temos conseguido importantes vitórias no campo legislativo. Em maio de 2008, por 33 x 0, o PL 1135/91, visando despenalizar o aborto no Brasil, foi rejeitado na Comissão de Seguridade Social e Família e também posteriormente pela Comissão de Constituição e Justiça. Promulgamos ainda no período em fui presidente da Câmara Municipal de São Bento do Sapucaí (2009-2010), a primeira lei orgânica pró-vida do País, incluindo no texto constitucional local o direito a vida desde a fecundação até a morte natural, com diretrizes do humanismo integral, destacando que o direito a vida é o primeiro e o principal de todos os direitos humanos.

A nossa Diocese também lançou, em novembro de 2010 a Campanha “São Paulo pela Vida”, que conta hoje com o apoio da Comissão Regional em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB. Esperamos através da iniciativa popular obter mais de 300 mil assinaturas para inserir na constituição do Estado de São Paulo o direito a vida desde a fecundação. Em nível federal, propomos ainda no 4º Encontro Brasileiro de Legisladores e Governantes pela Vida, no começo deste ano, que os deputados federais da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Vida trabalhem pela aprovação da PEC pela Vida, para através de emenda constitucional garantir o direito a vida de modo integral. O que já foi feito em nível municipal, esperamos conseguir em âmbito estadual e, se Deus quiser, também nacional. Nesse sentido, há ainda esforços pela aprovação do Estatuto do Nascituro. Todas estas iniciativas mostram que a Igreja está viva e atuante, apesar das tantas dificuldades existentes. O nosso trabalho em nível diocesano é feito em comunhão eclesial, com o bispo, o padre assessor e os leigos. E também integrado a outros grupos que trabalham nesse sentido, pois diz o Catecismo claramente que “a missão de Cristo e do Espírito Santo realiza-se na Igreja” (CIC, 737). Superando os problemas, vamos buscando – fiéis ao Magistério da Igreja – estarmos mais disponíveis à graça de Deus, pois é Ele quem opera.

S. Afonso de Ligório é enfático em dizer que a oração deve preceder a ação, para estabelecer o vínculo perfeito que propicie a abundância das graças, que somente Deus pode oferecer a quem a Ele recorrer sinceramente. É o lema de São Bento “ora et labora” que atualiza a pedagogia de Deus no mistério da Igreja, orante e militante, na defesa da vida humana, de modo integral, na dimensão soteriológica, com a perspectiva para a realidade última pois a vida definitiva depende desta provisória, das nossas decisões e adesões que fazemos no dia-a-dia. E então somos levados a refletir: sobre que lastro construímos a nossa história? Nesse sentido, a Igreja confirma Jesus Cristo como “caminho, verdade e vida”, e é esta vida que defendemos: a vida nova proposta por Jesus, que começa aqui a ser edificada. Daí o imperativo bíblico tão atual: “Escolhe, pois, a Vida!”.


Hermes Rodrigues Nery é coordenador da Comissão Diocesana em Defesa da Vida e do Movimento Legislação e Vida, da Diocese de Taubaté, especialista em Bioética, pós-graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. E-mail:
hrneryprovida@gmail.com

segunda-feira, 4 de março de 2013

Entre Papas e Cardeais - Editorial Revista Permanência 269 - Quaresma 2013 – Por: Dom Lourenço Fleishman, OSB Fevereiro 24, 2013


Eis que, surpreendentemente, nos preparamos para conhecer o sexto papa do Concílio Vaticano II. Tendo já ultrapassado a marca dos 50 anos do seu início (1962), não podemos dizer que as coisas, no meio dessa crise, sejam previsíveis. Ainda há espaço para sustos e surpresas.
O papa Pio XII morreu em outubro de 1958. Com ele morria uma visão ainda tradicional da vida da Igreja, da moral, da liturgia, dos dogmas e da influência impressionante que a Igreja mantinha há dois mil anos sobre os caminhos da humanidade. Mesmo sendo constantemente perseguida e maltratada, os maus não conseguiam avançar sem freios e sem limites, porque havia uma palavra divina, um homem vestido de branco, sentado na Cátedra de S. Pedro, e que servia de consciência para todos os povos, para governantes e súditos, mesmo quando estes já não eram mais católicos.
Não que fosse obedecido e amado. Mas era uma referência, e o mundo não se entregava ao mal sem temer a condenação que viria da Igreja. Com isso, a decadência era contida; seguia seu curso, é verdade, mas em ritmo mais lento.
Foi eleito, então, para o trono de São Pedro, o cardeal Roncalli, o papa João XXIII. Descrito por seus historiadores como um homem simples, amigável, quebrando protocolos, conversando com todos, ficou conhecido como o “bom” papa João. Na verdade, seu espírito ecumenista data de muito tempo, como aparece em suas atividades de jovem bispo, na Bulgária, quando iniciou relações com os ortodoxos daquele país, ou em Paris, como Núncio. Em suas encíclicas, João XXIII dará provas de um pensamento liberal e equivocado, ao tentar assimilar as tendências de um mundo socialista para torná-lo aceitável dentro de uma doutrina católica que, para ele, devia ser aberta e tolerante. O resultado são textos dúbios, calcados em preocupações temporais de certa paz e de concórdia, isentas das exigências próprias do reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Desenvolvia assim temas caros à maçonaria, como direitos humanos, dignidade da pessoa e afins, que fugiam completamente das preocupações espirituais de um catolicismo tradicional, voltado para a defesa do depósito da fé e da Revelação sobrenatural.
João XXIII fará, então, a convocação do Concílio Vaticano II, e depois de propagar como finalidade a não condenação das heresias modernas, desejou um concílio voltado para conversas pastorais, troca de experiências e um otimismo beato sobre o futuro da Igreja. Pior do que isso foi a cumplicidade do chefe da Igreja com os revolucionários que tomaram de assalto o Concílio, sob a batuta do Cardeal Lienart. Logo no início do Concílio, este prelado exigiu a substituição dos textos já preparados para debate, por outros, liberais, que um grupo de bispos já havia preparado em segredo e por debaixo dos panos. João XXIII aceitou tal revolução, assim como aceitou outras que viriam em seguida, dando a esses progressistas da Aliança Europeia o domínio completo das ações do concílio.
No meio de tantas ambiguidades, aberturas e revoluções, não se pode admirar que o Concílio Vaticano II tenha estabelecido uma nova religião dentro de Roma e na alma do povo católico. O resultado terrível foi a perda da fé generalizada, a destruição da doutrina tradicional da Igreja, e a diminuição constante da sua autoridade moral e espiritual sobre os desígnios da humanidade.
Apesar de ter escrito textos com ideais maçônicos, visões naturalistas sobre a vida social e política, de ter mesmo mantido certas relações com a maçonaria, não se conhece provas cabais de que tenha sido, ele próprio, maçon. Não nos parece fonte fidedigna um ou dois livros escritos por maçons, onde se afirma tal relação. Claro está que interessa a esta seita secreta vangloriar-se de ter tido um papa no seu grêmio, o que tira desses autores qualquer valor histórico.
O cardeal Montini era Patriarca de Milão quando foi eleito no lugar de João XXIII. A porta do erro e da decadência tinha sido entreaberta por João XXIII, ela será escancarada por Paulo VI. Quando trabalhava na Secretaria de Estado do Vaticano, o bispo Montini recebera um castigo grave por ter mantido contatos com os comunistas de Moscou nas costas de Pio XII. Será afastado de Roma. O erro de Pio XII foi ter dado a este bispo desobediente uma diocese cardinalícia, mesmo não tendo recebido esta honraria do papa Pacelli. Será cardeal no 1º consistório de João XXIII, abrindo caminho para a sua eleição, poucos anos depois.
Com Paulo VI a Igreja verá um tempo de destruições. Todo o belo edifício doutrinário e sacramental da Igreja será demolido. Não sobrará pedra sobre pedra. Todos os sacramentos serão reformulados segundo o novo espírito, a missa nova será assinada, sendo mais um culto protestante do que verdadeira missa; a disciplina eclesiástica será tão mitigada que os escândalos sexuais começarão a surgir de todos os lados. A fé será ultrajada, com padres e bispos deturpando a divindade de Nosso Senhor, a perpétua virgindade de Maria, a natureza da revelação, a sacralidade dos ritos e sua eficácia. Enfim, tudo será abalado. A destruição será o resultado de um grande terremoto religioso. E o povo fiel perderá a fé sobrenatural e até mesmo a noção do que seja essa fé.
De João Paulo I só podemos dizer que deu a impressão de querer reverter o quadro de destruição, senão na questão de fé, pelo menos nas influências maçônicas dentro do Vaticano. Não teve tempo. Seu pontificado durou 33 dias, e muitos afirmam que foi assassinado.
João Paulo II dará continuidade à obra do Concílio Vaticano II, cabendo a ele a reconstrução de todo o edifício destruído por Paulo VI, mas agora com o novo espírito do Concílio. Terminará a reforma dos sacramentos, fará um novo Código de Direito Canônico, prosseguirá a reforma completa da Cúria Romana, publicará o novo Catecismo oficial, nova tradução oficial da Bíblia, nova Via Sacra, modificando até mesmo o Rosário da Virgem Maria. Além disso, levará o ecumenismo ao seu ponto mais afastado da verdadeira fé católica, instituindo os encontros de Assis, onde todas as religiões enviam seus chefes para rezarem juntos, significando que pouco importa a religião de cada um. Desse encontro heretizante, surgirá o que o papa chamou de “espírito de Assis”, um novo espírito que passa a governar a Igreja de Vaticano II.
Finalmente, Bento XVI, que ainda é Papa quando escrevemos esse editorial, apesar de ter tido algumas atitudes mais conservadoras, jamais renunciou à obra do Concílio, nem mesmo se permitiu diminuir a influência deste sobre seu pensamento e seus atos.
Suas encíclicas dão prova dessa influência constante do Concílio, mesmo dos textos claramente opostos à doutrina católica, como Gaudium et Spes, frequentemente citado pelo papa. Tomemos como exemplo a primeira encíclica, Deus Caritas est, onde Bento XVI envereda por certa tese acadêmica sobre a noção de amor. Mas não consegue se livrar dela ao abordar a questão do amor como está no Novo Testamento, e faz comparações do amor divino em termos de Eros e Ágape, no mínimo, inconvenientes.
Essa tendência intelectualista de escrever teses aparece também nas demais encíclicas do papa. Em Spes Salvi, a erudição é grande, mas o espírito católico fica de lado, jamais encontrando a definição clara do dogma católico sobre a virtude da Esperança. Em Caritas in Veritate, o papa faz o elogio da Populorum Progressio, de Paulo VI, sobre a política e desenvolvimento dos povos, sob o enfoque liberal do Concílio Vaticano II.
Em nenhum momento Bento XVI apresenta a doutrina católica pelo seu dogma, por aquilo que ela tem de imutável e eterno. Sempre reflexões, aberturas, autores estrangeiros ao catolicismo e mesmo inimigos da fé são convidados à mesa de “discussões” de Bento XVI. O grande sucesso desses textos junto aos novos católicos desse mundo de hoje deve-se mais à imensa ignorância que se tem da verdadeira fé, do que à fidelidade da doutrina ali contida.
Todos os seus livros, mesmo aqueles contendo erros graves de tempos mais progressistas, foram reeditados depois de se ter tornado papa, e jamais ouvimos de sua boca um sinal de querer mudar o que antes escrevera.
Se, por um lado, escreveu o Motu Proprio Summorum Pontificum, em 2007, afirmando que a missa tradicional nunca fora ab-rogada e pode ser celebrada, não se vê interesse, no Vaticano, em defender a causa de tantos padres que são perseguidos por seus bispos diocesanos e impedidos de celebrar a missa de sempre. De certa forma, o Motu Próprio serviu para confirmar e estender a perseguição, pois ela agora se aplica também a padres diocesanos mais conservadores.
Mais tarde, em 2009, teve a coragem de levantar as falsas excomunhões impostas aos quatro bispos da Fraternidade São Pio X, mas logo se viu obrigado a dar explicações numa carta que escreveu a todo o clero. Ainda aqui, Vaticano II era como um manto que cobria todo o pensamento do papa.
Finalmente, ordenou que se recebesse uma comissão teológica da Fraternidade S. Pio X, para debater os pontos de litígio apresentados por esta. Após dois anos de debates, o impasse impediu que se prolongassem as conversas, pois os representantes do Vaticano não aceitavam que a doutrina progressista do Vaticano II se opunha à Tradição católica. Queriam de todas as maneiras forçar o pensamento em aceitar que Vaticano II estaria na continuidade da Tradição, mesmo diante de evidentes contradições.
Dessas conversas surgiram, em 2011-2012, tentativas de um entendimento prático que daria à Fraternidade um estatuto oficial reconhecido por Roma. Mas após meses de grandes angústias nos meios tradicionais, o próprio papa encerrou a conversa, afirmando, em carta pessoal ao Superior Geral da Fraternidade, que a aceitação do Vaticano II, dos ritos novos, do novo espírito, era exigência para um reconhecimento da Fraternidade.
Agora, diante da surpresa da renúncia do papa, nos deparamos com mais uma grave questão. O tempo todo, Bento XVI se refere ao seu ministério. Sempre que fala da renúncia, refere-se a esse ministério petrino. Temos a impressão que os próprios papas desse catolicismo deformado já não acreditam muito na realidade que lhes foi imposta pelo Divino Espírito Santo. Falam como se tivessem aceitado uma função, como um acionista de grande empresa aceitaria ser Diretor Presidente por certo tempo. Aliás, faz parte da linguagem transformada pelo Vaticano II, chamar a esse ministério, de “serviço”, o que só vem reforçar essa triste impressão. E essa constatação nos faz lembrar aquelas palavras antigas de Mons. Marcel Lefebvre, quando afirmava que nós, os que guardamos a Tradição contra os detratores da Igreja, somos os verdadeiros defensores do papa e do papado. Eles próprios já não acreditam mais no poder sobrenatural do sucessor de Pedro.
Reforça essa questão as declarações do historiador italiano Roberto de Mattei, feitas no site Corrispondenza Romana, ( http://www.corrispondenzaromana.it/considerazioni-sullatto-di-rinuncia-di-benedetto-xvi/ ) onde critica duramente a renúncia, classificando-a de "revolucionária", apesar de contemplada no Direito Canônico. O autor mostra a diferença de espírito no caso da renúncia de Celestino V, que tinha sido arrancado da sua cela a contragosto para assumir o papado, ou de Gregório XII, que renunciou porque alguém precisava renunciar, visto que havia dois papas, dando assim fim ao grave Cisma do Ocidente. Jamais, diz o autor, um papa renunciou por não estar bem de saúde, coisa que a grande maioria dos papas sofreu, antes de falecer.
O pontificado de Bento XVI não trouxe nenhuma solução aos graves problemas de fé que assolam a Igreja há décadas. O estilo tornou-se mais comportado, mais conservador na liturgia, mais intelectual nos escritos; porém, o naturalismo horizontal, o ecumenismo irenista onde cada qual encontra o seu deus e se sente bem, o liberalismo político e social e a oposição constante à Tradição da Igreja, continuaram até o fim. E a crise não terminou.
Estes são os papas do Vaticano II. Eles o fizeram, prosseguiram, impuseram ao povo católico sem se preocuparem se era da vontade de Deus ou para a salvação das almas. Da noite para o dia, uma missa sem sacrifício e sem cruz foi imposta, sob penas severas, a todos os padres. Muitas almas perderam a fé, escandalizadas pelo que viam acontecer na Igreja. Outras a perderam por terem absorvido o novo espírito de Vaticano II, tornando-se protestantes sem se darem conta. Paralelamente, o laicismo invadiu toda a Igreja, causando um esvaziamento impressionante dos mosteiros e casas religiosas. Muitos conventos fecharam as portas e foram vendidos para se tornarem museus ou escolas. O número de católicos foi diminuindo em todo o mundo e já não podemos mais falar de uma Civilização ocidental Católica, aquela impressionante herança dos mil anos de Idade Média, que formaram a Europa e o mundo católico.
Enquanto isso, os papas e bispos, ao longo desses últimos 50 anos, nunca conseguiram enxergar a realidade do mundo segundo a verdade de Deus. A todo o momento interpretam os desastres, acidentes, guerras e tudo o mais com palavras pacifistas, moles, sem eficácia e sem sentido. Raras vezes atribuem os escândalos ao pecado e nunca se ouve um chefe católico se preocupar com a condenação eterna das almas. Só falam de uma falsa paz, só pregam a concórdia nessa vida, só se preocupam com o corpo do homem e sua felicidade na terra, e de salvar as aparências de certa “decência” boazinha.
Um novo papa será eleito. Humanamente não há nada que nos incline a achar que algum dos cardeais possa vir a restaurar a Igreja e ajudar as almas a se salvarem. Todos eles, para chegarem onde estão, aderiram de todo o coração aos desmandos desse maldito concílio que tanto mal trouxe para a Igreja e para as almas. Estão, pois, certos de que devem continuar a propagar esse Humanismo com tintas de religiosidade, que tudo contaminou.
Não temos preferências. Se for eleito um péssimo cardeal, progressista, destruidor, as coisas podem ficar mais claras, a evidência da falta de fé ficaria mais patente, o que nos ajudaria a segurar melhor a espada do bom combate. Por outro lado, a perseguição se tornaria mais amarga, e nós teríamos apenas a graça divina como sustento, o que já é nossa condição há 50 anos. Se for eleito um cardeal “conservador”, veremos as mesmas ambiguidades atuais perdurarem na Igreja. Cada vez que o papa falar em latim, ou celebrar uma missa mais conservadora, os blogs conservadores de plantão darão urras de alegria e dirão que o papa está restaurando a Igreja.
Mas Deus vomita os mornos e não aceita que a defesa da sua Igreja seja feita por homens cegos, ingênuos e débeis. Porque a restauração da Igreja só poderá ser realizada quando nós merecermos, por nossos sacrifícios e dores oferecidas, pelas humilhações e perseguições suportadas, pela constância das nossas orações e das nossas lágrimas. Somente assim o Divino Espírito Santo realizará o milagre da conversão de um papa. Sem essa conversão espetacular, espiritual, sem que o papa entenda na fé, ao menos em parte, todo o enlace da crise atual, não haverá grandes mudanças no horizonte da Igreja.
Peçamos a São José, esposo da Virgem Maria, protetor da Santa Igreja, e a São Miguel Arcanjo, chefe da milícia celeste, que nos permita ver com nossos olhos, ouvir com nossos ouvidos, o dia abençoado em que tal conversão chegará ao coração do sucessor de São Pedro.